O acordo do time é essencial para alavancar as entregas contínuas orientadas a valor. Como orquestrar então “processos – pessoas – ferramentas” neste contexto? Utilizando conceitos do Ikigai, Gamificação e Fit For Purpose (F4P), este trabalho demonstra como equilibrar o compromisso das entregas com o que gostamos de fazer. Também compartilha os resultados obtidos com a transformação cultural, envolvendo as boas práticas de desenvolvimento, o comprometimento com CI/CD e a gestão ágil.
Ikigai: contextualização da filosofia e correlação entre o ser humano e seu trabalho, em busca do propósito entre paixão, missão, profissão e vocação.
F4P: utilização do F4P Card (adaptado), Fitness Box Score e Matriz (aderência x identidade) para identificar a satisfação dos colaboradores com a empresa.
Hard Skill Canvas: traz alinhamento, transparência e melhoria contínua ao time, conhecendo as competências técnicas que o time precisa para os produtos da organização.
Engajando CI/CD: senso de pertencimento, cadência e gestão.
Gamificação: ampliando as boas práticas com senso de colaboração e conhecimento.
Formato de trabalho: Squads, OKRs e camadas de engajamento.
Com o ritmo acelerado das
mudanças nos negócios, as organizações precisam ajustar seus modelos atuais de
negócio, habilitando a inovação tecnológica e a entrega contínua de valor
aos clientes. Devido à forte concorrência no mercado, os usuários estão cada
vez mais exigentes, encontrando várias opções de produtos e ferramentas que
auxiliam na hora da compra. As empresas precisam compreender melhor seus
pensamentos e atitudes, conectando-se a seus valores.
Se antes, as organizações eram
estruturadas com modelos de trabalho a longo prazo, na atualidade, o objetivo é
tornar a organização mais flexível a mudanças (capacidade de adaptação
rápida) com base na entrega contínua de valor, cultura, pessoas e modelo operacional.
Tudo isso resume o conceito do Business Agility.
Na semana de 29/Set à 04/Out aconteceu o Global SAFe Summit 2019, onde foi apresentada a nova versão do SAFe (Scaled Agile Framework), o framework SAFe 5.0. Esta nova versão conecta o propósito do Business Agility, propagando práticas de Lean e Agile a toda organização para habilitar a entrega contínua de valor (citada anteriormente) com produtos e serviços inovadores.
E como ficou o SAFe 5.0? Ele foi estruturado com base em sete competências da Lean Enterprise, consideradas essenciais para implementação do SAFe. Cada competência é formada pelo conjunto de habilidade, conhecimento relacionado e comportamentos que habilitam as empresas no Business Agility. Em resumo, as competências ficaram seguinte forma:
Cinco competências Introduzidas desde o SAFe 4.6, permanecem, mas com ajustes importantes. São elas:
Lean-Agile Leadership: possui foco na
mudança organizacional, descrevendo como os líderes conduzem e capacitam indivíduos/equipes
a maior produtividade e inovação.
Team and Technical Agility: o que as equipes
precisam para criar soluções de alta qualidade? Esta competência descreve as
habilidades e os princípios e práticas Lean-Agile para obter aumento da
produtividade e qualidade.
Agile Product Delivery: abordagem centrada
no cliente para criar produtos ou serviços de valor.
Enterprise Solution Delivery: descreve como
aplicar os princípios e práticas Lean-Agile ao processo de desenvolvimento de
software.
Lean Portfolio Management: visa o
alinhamento da estratégia com a execução, aplicando conceitos de Lean e Systems
Thinking aos investimentos da empresa.
Duas
competências (adicionais)
Organizational Agility: descreve como os
times otimizam seus processos de negócio (também utilizando Lean Thinking) e
estruturam rápida adaptação a mudanças para aproveitar novas oportunidades.
Continuous Learning Culture: a promoção
da cultura de aprendizado, descrevendo valores e práticas que incentivam os
colaboradores a buscar continuamente novos conhecimentos e competências para
contribuir com a inovação organizacional.
Outras mudanças
A estrutura anterior (SAFe 4.6) possuía o nível Program Level (coordenação das ARTs – Agile Release Train) e o nível Team (times multifuncionais que construíam e entregavam valor na ART) que foi unificado em um único nível Essential no SAFE 5.0. O nível Essential contém o conjunto mínimo de papeis, eventos e artefatos (agora com o time de negócios fazendo parte do trem) necessários para fornecer soluções de negócios continuamente através das ARTs. Utiliza três competências principais: Team and Technical Agility, Agile Product Delivery eLean-Agile Leadership.
Também adicionado um novo princípio #10 Organize around value que representa a vantagem competitiva na qual a organização pode responder as necessidades dos clientes e soluções inovadoras. Isso exige alta colaboração entre as áreas afim de gerenciar desperdícios, atrasos, dependências e handoffs.
Continuando a abordagem do Bi-modal Gartner, outro conceito importante e mencionado no livro The DevOps Handbook é o Sistema de registro e engajamento. Entre os quatro fluxos de valor estão:
Serviço virgem: uma nova iniciativa de software.
Serviço abandonado: produtos que já atendem a clientes e estão no mercado há anos.
Sistema de registro: centralizados para gerenciar uma única fonte de dados na organização. Contém todo o suporte para a entrega de valor ao cliente . Inclui o gerenciamento dos dados, transações, segurança e privacidade.
Sistema de engajamento: interage diretamente com o cliente. Incentivam a interação dos clientes e usuários com a organização por meio de apps, portais colaborativos, etc.
E assim, segundo o conceito de TI Bimodal de Gartner (prática de administrar dois estilos de trabalho separados, mas coerentes: um focado na previsibilidade, o outro na exploração), classifica o sistema de registro e engajamento na seguinte tabela:
Sistema
Tipo
Bimodal
Ritmo de mudanças
Registro
Modo 1: fazer direito com foco em estabilidade e confiabilidade
Mais
lento e costumar ter requisitos normativos
e conformidade
Engajamento
Modo 2: fazer rápido com foco em flexibilidade e inovação
Mais
rápido e permite experimentos em ambientes
incertos
Enquanto no sistema de registro, a vantagem é lidar com tarefas burocráticas e demoradas, como conformidade, segurança e privacidade (por exemplo utilizando a telemetria e automação para gerar as evidências), por outro lado, o sistema de engajamento demonstrará a confiabilidade da inovação em ciclos de entregas rápidos, por exemplo, novas funcionalidades que melhoraram a conversão de clientes em 40% no e-commerce da empresa.
Samoore contextualiza que o engajamento digital certamente inicia com os sistemas de engajamento (as tecnologias que permitem aos usuários interagir com a organização), conectando aos sistemas de registro que mantêm os dados sobre a pessoa e sua história com a organização. Os sistemas de insight por fim executam as análises para apoiar essa individualização e tornar a interação relevante.