Resenha do livro O Andar do Bêbado (Leonard Mlodinow)

Fica a recomendação de mais um livro que li recentemente e achei bem interessante a visão do acaso na nossa vida (profissional, pessoal, etc.), citando pesquisas e contribuições de famosos matemáticos, físicos, economistas, sociólogos e psicólogos.

 O Andar do Bêbado está dividido em 10 capítulos:

  • Capítulo 1: introdução de conceitos sobre o acaso, padrão, sorte e aleatoriedade. A explicação para o sucesso é abordada, citando a probabilidade de que um filme ganhe milhões por mero acaso não é nada desprezível, e as implicações em outras áreas.

O exemplo de regressão à média, apresentado pelo psicólogo Daniel Kahneman, analisou um grupo de instrutores de voo em Israel, defendendo que eles deveriam ser elogiados em caso de resultados positivos. A plateia reagiu, pois entendia que o desempenho de alunos posteriores piorava quando isso acontecia.

Kahneman concluiu que os alunos naturalmente apresentavam desempenhos bons e ruins, mas a média se mantinha constante, e por isso, após um desempenho bom ou ruim, os próximos resultados não se igualavam.

  • Capítulo 2: sobre o princípio da probabilidade em que dois eventos ocorram nunca é maior do que a probabilidade de cada evento ocorra individualmente.
  • Capítulo 3: conceitos de espaço amostral de Girolano Cardano: “suponha que um processo aleatório tenha muitos resultados igualmente prováveis; alguns favoráveis (ou seja, ganhar) e outros desfavoráveis (ou seja, perder). A probabilidade de obtermos um resultado favorável é igual à proporção entre os resultados favoráveis e o total de resultados.“
  • Capítulo 4: o triângulo de Pascal é utilizado como base para conhecermos de quantas formas eventos consecutivos podem ocorrer.
  • Capítulo 5: sobre a  Lei de Benford (algarismos não aparecem na mesma frequência) e o caso de Joseph Jagger, que ganhou dinheiro no cassino, após algumas noites observando uma roleta viciada.
  • Capítulo 6: conta a história pessoal do autor, e a Teoria de Bayes para explicar o erro no exame de HIV apresentado. A probabilidade do exame dar positivo se o paciente não for HIV-positivo (que é muito baixa) e de ele não ser HIV-positivo mesmo se o exame der positivo (que não é tão baixa assim). Outras variáveis deveriam ter sido consideradas: como os hábitos de pessoas do mesmo grupo do autor e se tinham HIV.
  • Capítulo 7: estatística e noção de que toda medição tem erros. O exemplo da curva de desempenho de estudantes é impressionante pela semelhança: quando comparado o gabarito dos tidos melhores alunos com aqueles que chutaram as questões.

Nos últimos capítulos são aplicados conceitos à vida real. Um exemplo de como as avaliações humanas são baseadas nos resultados (e não nas habilidades), cita o provável resultado de 2/3 dos Diretores de empresa guiado mais pelo acaso que pelas habilidades.

E como podemos resistir a formação de julgamentos com base em nosso arcabouço determinístico automático, por exemplo, quando um professor acredita inicialmente que um de seus alunos é mais inteligente que outro, ele se concentra seletivamente em indícios que tendam a confirmar essa hipótese. No caso da entrevista de emprego, o empregador tende a formar uma rápida primeira impressão do candidato e passa o resto da entrevista buscando informações que a corroborem.

Também a busca humana por padrões e como nossa habilidade para reconhecer padrões pode nos levar a erros, considerando ilusões ópticas, vieses e heurísticas. E, por não considerar o papel do acaso em nossas vidas. A Falácia da Boa Fase experimentada em atletas e o Viés da confirmação quando estamos diante de uma ilusão (ou uma nova ideia), em vez de tentarmos provar que nossas ideias estão erradas, geralmente tentamos provar que estão corretas.

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